segunda-feira, 23 de maio de 2011

Como será um anjo?







Será que os anjos também amam?



Os anjos são os que mais amam, pois amam tudo e todos sem distinção!




























domingo, 22 de maio de 2011

Sangue de Anjo

Resumo

"Elena Deveraux é uma caçadora de vampiros.
Sabe que é a melhor- mas não sabe se será suficientemente boa para a tarefa que tem de cumprir
.



É contratada pelo perigosamente belo arcanjo Raphael, um ser de tal modo letal que nenhum mortal deseja merecer a sua atenção.
Elena sabe que não pode falhar- embora se trate de uma missão impossível.
Porque desta vez não é um vampiro voluntarioso que tem de localizar.
É um arcanjo que degenerou.
A missão irá colocar Elena no meio de um turbilhão de mortes inimaginável- e levá-la para o fio da navalha da paixão.
Mesmo que a caçada não a destrua, sucumbir ao encanto de Raphael pode fazê-lo.
Pois quando os arcanjos brincam, os mortais sofrem..."

...
Sentada no Central Park, Elena via os patos a nadar num lago.
Tinha ido até ali para arrumar as ideias mas não estava a conseguir.
Os patos também sonhavam?
Provavelmente não. Com que sonharia um pato? Com pão fresco, um belo voo lá para onde os patos costumavam ir. Voo. Sentiu um nó na garganta quando instantâneos de memória desfilaram na sua mente- asas maravilhosas raiadas de dourado, olhos poderosos, o brilho do pó-de-anjo. Esfregou os olhos com as mãos numa tentativa de apagar essas imagens. Mas foi em vão.
Era como se Raphael tivesse implantado uma maldita sugestão subliminar na sua cabeça que não parava de produzir retratos daquilo que ela não queria pensar.

Os patos começaram a lutar, grasnando uns aos outros e bicando a água. Jesus, nem os patos estavam em paz. Que queriam que ela pensasse no meio daquela balbúrdia?
Com um suspiro, Elena recostou-se no banco do parque e olhou para cima, para a imensidão azul do céu.



Que lhe recordou os olhos de Raphael.
Bufou.
A cor era tão parecida com o azul dolorosamente vivido dos olhos dele quanto uma zircónia cúbica se parece com um diamante.
Uma pálida imitação. Mas apesar disso ele era belo.Talvez, se a fitasse com bastante atenção, esquecesse as asas que não lhe saíam da cabeça.
Como agora. Espalhavam-se por cima do horizonte, transformando o azul em ouro branco.

...
Ao contrário de Lijuan, Raphael não subira de posto a ponto de deixar de compreender os mortais. Antes mesmo de passar de anjo a arcanjo, escolhera o caos da vida em lugar da paz elegante em que viviam os seus confrades. Agora residia numa das cidades mais movimentadas do mundo e observava muitas vezes os seus habitantes sem que eles dessem por isso.
Tal como estava hoje a observar Elena Deveraux.

...
Em breve só Elijah se encontrava na sala no extremo do semicírculo oposto ao de Raphael.
- Não vais para casa ter com Hannah?
As asas imaculadamente brancas de Elijah moveram-se levemente quando ele estendeu as pernas e se recostou na poltrona.
-Ela está sempre comigo.
Raphael não sabia se o outro anjo falava no sentido literal.
Dizia-se que alguns antigos pares angélicos estavam ligados sem qualquer esforço, por um laço mental que nem o tempo nem a distância conseguiam desatar, mas se isso era verdade, nunca tocavam no assunto.

...
O êxtase invadiu o sangue de Elena, um prazer penetrante a que ela não lhe apetecia resistir. Só queria tirar-lhe a roupa e descobrir se um arcanjo tinha realmente corpo de homem, lamber-lhe a pele, deixar nele a marca das suas unhas, montá-lo, possuí-lo...ser possuída por ele. Nada mais importava.
Os lábios dele pousaram nos dela e Elena gemeu.
As mãos que apertavam as suas ancas ergueram-na sem esforço e Raphael começou a beijá-la avidamente.



O fogo posto pelo erotismo puro do beijo de boca aberta alastrou até aos dedos dos pés de Elena, para de seguida se acumular no "V" entre as suas ancas.

...
-Já tive um amante que me fez sentir humana- piscou os olhos- Extraordinário, não é?

Há alguns humanos-um por cada quinhentos milhões, creio- que nos mudam e tornam diferentes do que somos. As desejas caem, os fogos acendem-se, as mentes fundem-se.

Raphael permaneceu absolutamente calado.

-Tens de a matar- as pupilas dela expandiram-se, engolindo as íris, os olhos uma chama negra, o rosto uma máscara da morte em chamas- A não ser, ou até que, o faças, nunca saberás se as defesas vão ou não cair.
-E se eu não a matar?
-Mata-te ela. Torna-te mortal.

...
No meio do chão via-se a camisa de Raphael, cujo peito ameaçava fazê-la perder a cabeça. Pára- disse Elena para consigo. Mas era difícil não olhar para o mais belo corpo masculino que alguma vez lhe tinha sido dado a ver.
Que vais fazer tu?- A voz dela estava rouca.
-Tomar um banho.
-Então e as regras? As suas mãos agarravam a T-shirt, prestes a puxar para cima o tecido húmido.
Raphael descalçou as botas enquanto a via despir a T-shirt, revelando um muito circunspecto sutiã desportivo.
-Poderemos discuti-las no banho- a voz dele continha uma promessa de sexo e quando Elena olhou para baixo, percebeu porquê.
A chuva transformara o sutiã preto numa segunda pele, através do tecido fino viam-se com clareza os mamilos.
-Por mim está bem- incapaz de o olhar e pensar ao mesmo tempo, virou-se de costas e tirou as botas e as meias antes de arrancar o sutiã. Tinha as mão na cintura das calças quando sentiu o calor do corpo dele nas suas costas; um segundo depois, ele arrancava o elástico que lhe atava o cabelo. Surpreende mente. Fê-lo com cuidado, sem a magoar. Pouco momentos depois, fios de humidade corriam-lhe pelas costas.
Lábios no pescoço de Elena. Quentes. Pecaminosos.
Ela voltou a estremecer, em pele de galinha.
-Não faças batota.
Mais beijos no pescoço.
Pousou a mão nas mãos dele e inclinou a cabeça, facilitando.
A língua de Raphael percorreu-lhe o pescoço, lambendo uma gota de água que lhe caíra do cabelo para a nuca e sobre um ombro, antes de se afastar.Quando Elena se endireitou, os polegares de Raphael ficaram presos nas suas calças.
-Não- disse ela, empurrando-o- Primeiro as regas.
-Claro, as regras são muito importantes.
Elena esperou que ele a soltasse. Mas ele assim não fez. Sorriu.
E decidiu que, já que optara por viver perigosamente, o melhor era ir até ao fim. Desapertou as calças, empurrou-as para baixo juntamente com as cuecas, depois saltou para fora delas e afastou-as com um pontapé. Então espreitou por cima do ombro.
O olhos do arcanjo pareciam relâmpagos azul-cobalto. Impetuosos. Vividos de um modo que proclamava a sua importalidade.
A respiração de Elena parou, mas ela sabia que se queria envolver-se com aquele macho em particular não podia ceder em nada. Dirigindo-lhe um sorriso malicioso, desceu os degraus embutidos na banheira e entrou.
-Uh...- calor líquido. O verdadeiro paraíso. Introduziu o rosto na água e retirou-o afastando os cabelos que lhe cobriam os olhos.
Ele estava onde ela o tinha deixado, observando-a com aqueles olhos impossíveis.
Mas desta vez ela não se deixou hipnotizar. Nem quando se despiu e ficou deleitada.
A figura do arcanjo parecia irreal, no peito esculpido os músculos fortes de um homem que tinha de suportar o seu próprio peso corporal-ou mais- em pleno voo.
O olhar de Elena acariciou-lhe as linhas do peito, o abdómen, e desceu. Susteve a respiração, obrigou-os a olhar para cima.
-Vem.
Ele franziu a testa, mas para grande surpresa dela, obedeceu.
Quando entrou na banheira, Elena deu consigo a avaliar os poderosos músculos daquelas coxas...como seria ter toda aquela força em sua volta quando ele se enterrasse dentro dela? Sentiu um nó no estomâgo.
Nunca desejara um homem com tanta avidez, nunca sentira de forma tão forte a sua feminilidade. Raphael poderia ter feito dela o que quisesse.
E para uma mulher nascida caçadora, isso não era uma ameaça...mas a mais perversa das tentações.

-Porquê a demora?-perguntou, depois de ver a prova incontestável da excitação dele.
-Quando se vive há tanto tempo como eu- disse, olhos semi-cerrados mas pousados nela-, aprendemos a dar valor às sensações novas. São raras na vida de um imortal.
Elena descobriu que se tinha aproximado dele. Raphael pôs um braço em volta da cintura dela e puxou-a para si até ela se sentar numa saliência abaixo do nível da água e enrolar as pernas na cintura dele.
Raphael apertou-a contra si.
Sem respirar, Elena disse:
-O sexo não é novidade para ti- e passou o seu calor para a dureza requintada dele. A palavra "bom" não descreve o que ela sentiu. O que ele sentiu.
-Pois não. Mas tu és.
-Nunca o fizeste com uma caçadora?- perguntou Elena a sorrir e a morder-lhe um lábio.
Mas ele não sorriu,
-Nunca o fiz com Elena- as palavras mal se ouviram, o olhar tão intenso que Elena se sentiu possuída.
Pondo os braços em volta do pescoço dele, Elena encostou-se para trás a fim de lhe ver bem o rosto.
-E eu nunca o fiz com Raphael.
Nesse instante, sentiu que qualquer coisa mudara no ar, na sua alma.
Depois as mãos de Raphael encostaram-se ao fundo das suas costas e o sentimento dissipou-se. Nada, pensou, tudo se devera apenas à prodigiosa imaginação.
Estava cansada, frustrada, tão sequiosa daquele imortal que não escondera o facto de que, excitado ou não, ainda podia vir a matá-la.
-As regras- disse Raphael olhando-a de frente e sem desviar o olhar.
Elena apertou-se contra ele, continuando a incendiar com o seu calor a excitação dele. Naquele dia, precisava do prazer que Raphael podia proporcionar-lhe. E se tinha de haver um pouco de crueldade sexual à mistura, paciência.
-Sim?
Raphael imobilizou-a com as suas mãos poderosas.
-Até isto acabar, serei apenas o teu amante.
Os músculos dela contraíram-se com a impressão de posse daquela declaração.
-Ate o quê acabar?
-Esta fome.
O problema era que Elena receava que a sua própria fome nunca mais acabasse, receava ir para a cova a desejar o arcanjo de Nova Iorque.
-Só uma condição.
Raphael não gostou de ouvir aquilo, os seus ossos marcaram a pele tensa.
-Qual?
-Que não tenhas nenhum outro vampiro, ser humano ou anjo- cravou as unhas nas costas dele.- Não admitirei partilhar-te- podia ser um brinquedo, mas um brinquedo com garras.
A expressão dele amansou, um brilho de satisfação naqueles olhos cor de asfalto.
-Negócio fechado.
Elena pensava que ia precisar de discutir com ele,
-Estou a falar asério. Nada de amantes, corto as mãos de quem se atrever a tocar-te e deito os corpos num sítio onde ninguém dará com eles.
A tenebrosa ameaça pareceu diverti-lo.
-E eu? O que é que me fazes a mim? Voltas a dar-me um tiro?
-Não estou arrependida-mas estava. Só um infinitésimo.- Ainda doí?
Ele riu, umagragalhada solta com tanto prazer que teve o efeito de uma carícia.
-Ah Elena, és uma contradição. Não, não doí nada. Já passou.
Elena queria ser dura, mas quele sorriso não estava a ajudar, sentia-se a derreter por dentro.
-Diz lá o que excita um arcanjo?
-Uma caçadora nua não é um mau principio- encostou-a contra o seu pénis com força, não fosse ela oferecer resistência. As minhas asas- disse, beijando-lhe o pescoço exactamente naquele ponto sensível acima da clavícula.
O que a fez ceder, devolver o favor.
-Asas?- Mordeu-lhe o tendão do pescoço, sentindo um calor langoroso subir pelo seu corpo- estava convencida de que ele ia penetrá-la depressa, só para ela sair daquele estado de grande produção de adrenalina, mas agora que estava nos braços dele, parecia-lhe muito melhor aquele arrebatamento lento, sensual.
Como ele não respondeu, decidiu explorar por conta própria.
Estendeu a mão e passou-a pelo topo da asa direita. O corpo dele contraiu-se contra o dela tenso e expectante, o tipo de tensão que significava que ela podia ter feito tanto uma coisa muito boa como uma coisa muito má. Visto que ele continuava a arfar debaixo dela, concluiu que era boa e repetiu. Desta vez, ele estremeceu.

...
-Ele amava-a?
-Talvez- o rosto dele dizia que isso não tinha importância- Cuidou dela até ao fim dos seus dias, sabendo que ela já não o reconhecia. Isso é amor?
- Não sabes?
-Vi o amor ser definido de mil maneiras ao longo dos séculos.
Não há uma constante- olho para Elena sem qualquer expressão no rosto.- Se o Illium amava a sua mortal, foi um idiota.
Há séculos que ela está transformada em pó.

...
Não valia a pena perder um pouco de imortalidade para ter junto a si aquele estranho misto de inocência e força?

...
Já tinha visto demasiada crueldade para acreditar em contos de fadas que consolavam seres humanos ao longos das suas vidas efémeras.

...
-Oh- disse ela quando conseguiu voltar a falar- Então estou mesmo morta- fazia sentido. Sempre quisera ter asas e ali as tinha.
Logo, estava morta e no céu. Virou-se: -Pareces-te mesmo com Raphael- cheirava a mar, um cheiro nítido e fresco que fazia o seu corpo cantar.
Ele beijou-a.
E tinha um gosto demasiado real, demasiado terrestre, para ser fruto da sua imaginação. Quando ele se afastou, Elena ficou espantada com a expressão emocionada daqueles olhos, suficientemente inesperada para fazê-la esquecer a magia das asas nas suas costas.


...Todos os mitos têm um fundo de verdade."

Fim